Ave de Rapina
Onça
Cachorro
Cavalo
Gato
Arara

Editoria: Vininha F. Carvalho 04/10/2006

A História de Piccolina

Lá estava ela, em meio a dezenas de outros cães abandonados que haviam sido resgatados das ruas. Eram tantos, de todos os tamanhos, formas e cores; em comum apenas a expressão no olhar: uma mistura de tristeza, medo e desesperança.

Nossos olhos fixaram-se nela. Destacava-se por algum motivo. Também estava suja, desnutrida e com visíveis problemas de pele, como os demais. Mas havia uma nobreza, uma luz especial que diferenciava aquela mesticinha de Cocker.

Foi impossível resistir. Mesmo com tantos animais em casa, a sua imagem não nos saía da memória, e a decisão de toda a família foi dada: “Vamos buscá-la e cuidar dela”.

No caminho para casa, nada parecia alegrá-la. Não reagia aos agrados, parecia desconfiar de tudo aquilo. Mas ao cruzar o portão, apresentou uma inesperada reação. Ao ouvir a frase: “Pronto, daqui em diante sua vidinha vai mudar”, ela esticou o pescoço para olhar para fora, abanou a cauda e pareceu readquirir a vontade de viver.

Recebeu o nome Piccolina, por ser pequena e delicada. Necessitou meses de tratamentos para os diferentes problemas de saúde que apresentava, mas submetia-se a eles com resignação, e melhorava a cada dia. Ficou linda, mas sua maior característica era a personalidade. Que carisma! Conquistava a atenção e a adoração de todos, desde o primeiro contado. Que poder!

Porém um dia, triste dia. Sem explicação, numa atitude inédita, transpassou as barras do portão de ferro fechado, indiferente aos chamados desesperados, dirigiu-se em linha reta para a rodovia, nem olhou para trás. Um caminhão, um leve gemido, e ... o fim.
Ah, que dor indescritível! Por que, meu Deus? Até hoje, ainda dói muito.

O consolo foi a inspiração, que certamente foi o seu legado: é preciso fazer algo efetivo e concreto para diminuir a problemática dos animais abandonados.

Uma saudade que virou uma realidade, pois assim nasceu o Abrigo Piccolina. Se ela está vendo, lá do “céu dos cachorrinhos”? Acho que sim, pois nos presenteou com uma sósia. Acreditem, ela é igualzinha e também foi recolhida das ruas. Recebeu o mesmo nome: Piccolina.Uma homenagem de Giovanni e Rosana.





Fonte: Dra. Rosana Mercadante - veterinária - Avaré -SP