Editoria: Vininha F. Carvalho 23/02/2007
A temporada reprodutiva 2006/2007 de tartarugas marinhas nas praias continentais, que teve início em setembro de 2006, ainda não terminou e já traz resultados positivos. De acordo com os dados coletados até 30 de dezembro de 2006 esta temporada promete mais desovas que a última, cujo resultado (100 mil filhotes protegidos) foi o melhor desde o início dos trabalhos do Tamar no Espírito Santo, há 24 anos.
Os dados parciais relacionados especialmente às espécies cabeçuda (Caretta caretta) e gigante (Dermochelys coriacea) são os maiores de toda a história do Tamar/ES. Em relação à tartaruga cabeçuda, espécie que mais desova em praias capixabas, a quantidade de ninhos está 10% maior se comparada ao mesmo período de 2006. O que já demonstra um recorde desde que os trabalhos do projeto tiveram início no Estado.
Quanto à tartaruga gigante, cujo único ponto de desova na costa brasileira é o litoral norte do Espírito Santo, os números também são positivos, embora sua situação seja ainda muito crítica. Até hoje foram marcadas 12 fêmeas desovando nesta temporada e acredita-se que haja mais uma, que não foi flagrada. Em compensação, ano passado apenas quatro fêmeas dessa espécie desovaram em praias capixabas, sendo que uma morreu presa a redes de pesca.
Os trabalhos de monitoramento das praias realizados pela equipe do Tamar continuam até março, fim do período reprodutivo, e visam proteger um número de filhotes maior do que a temporada passada. As tartarugas marinhas demoram até 20 anos para chegar à idade reprodutiva e de cada mil filhotes que nascem apenas um chega à fase adulta. Ou seja, das 100 mil tartarugas nascidas no último ano, daqui a 20 anos, provavelmente, estima-se que apenas 100 retornem para desovar.
Segundo Antônio de Pádua Almeida, Coordenador Técnico do Projeto Tamar/ES, ainda é cedo para que sejam feitas previsões a respeito do total de ninhos desta temporada, e o aumento desses números é resultado de uma série de fatores.
"Acreditamos que isso é o fruto do trabalho realizado pelo Projeto TAMAR, com a participação fundamental da sociedade e das instituições parceiras, ao longo de todos esses anos; uma avaliação mais concreta só será viável quando esses resultados positivos começarem a se repetir ao longo dos anos. As ameaças, entretanto, continuam, e novas frentes de ação, principalmente para diminuir a mortalidade causada pela pesca, principal ameaça às tartarugas marinhas hoje, vêm sendo desenvolvidas em conjunto com os pescadores".
O Tamar/Ibama é um programa nacional patrocinado nacionalmente pela Petrobras. No Espírito Santo monitora 252 km de praias e conta com o apoio das prefeituras municipais de Anchieta, Linhares, Serra e São Mateus, do IEMA, da Universidade de Vila Velha, Laboratório Marcos Daniel, hotéis e pousadas e patrocínio da Companhia Siderurgia de Tubarão, Arcelor e Samarco. Além da população, que contribui diretamente na preservação e manutenção do Projeto através de visitas às Bases, comprando produtos ou participando da Campanha “Adote uma Tartaruga”.