Editoria: Vininha F. Carvalho 14/08/2009
Animais de estimação são frágeis. Quando aparecem doentes ou feridos, os proprietários se apavoram, não conseguem resolver o problema e, muitas vezes na hora de prestar socorro, cometem erros que prejudicam mais ainda a saúde desses animais.
Segundo José Pedro Estrella, veterinário da Clínica Pro Animal, é quase inútil manter fontes de medicamentações de primeiros socorros sem saber administrar-las.
“Para conservar a vida de um animal de estimação, você deve ter habilidades básicas para prestar a assistência necessária como estancar feridas que estejam com sangramento intenso, tampando com a mão (se estiver de luva) ou com algum tipo de pano, para evitar hemorragia e conseqüentemente choque hemorrágico (estado de colapso do organismo que nesse caso se dá por perda abrupta de sangue)”, aconselha.
Em caso de fraturas, o veterinário indica não mexer e tentar mobilizar o animal com algum tipo de maca ou até mesmo uma tábua, deixando-o sempre de lado e o pescoço imóvel, para evitar possíveis agravamentos, principalmente às da região cervical (região do pescoço).
“Tentar aquecer esse animal com cobertores ou toalhas também é uma forma de auxiliar no cuidado, pois a perda de temperatura é muito perigosa para o organismo, até mesmo podendo acarretar em distúrbios de coagulação”, explica.
Para os animais de estimação que necessitam de medicamentos para sobreviver ou que têm alguma doença crônica, portadores de diabetes, epilepsia, doenças do coração, os proprietários devem ter constantemente o remédio as mãos em casa ou no carro.
De acordo com José Pedro, diferente da medicina humana que possui ambulâncias, paramédicos treinados e até mesmo verdadeiras UTIs móveis, na medicina veterinária, os próprios proprietários são os paramédicos, e seus veículos são as ambulâncias.
“Depois da guerra do Vietnã, um grupo de médicos desenvolveu uma sistematização no pronto atendimento a pessoas politraumatizadas que foi denominado Basic Life Suport (BLS) que significa suporte básico de vida que foi adaptada para os animais”, esclarece.
Assim surgiu o mundialmente conhecido ABC do trauma, que é a seqüência indicada para o atendimento desses pacientes, criado pelo colégio americano de cirurgiões.
“O Aiway(A) são as vias aéreas ou seja, o socorrista deve observar se não há nada obstruindo as vias aéreas do animal, até mesmo o sangue poderia estar asfixiando o bichinho, no entanto que uma simples manobra nesse caso, virando o animal de posição já pode salvar a vida deste.
O Breathing(B) é a verificação da ventilação, nesse caso quem está socorrendo deve analisar se o bicho esta respirando, através de observação de movimentação do gradil torácico, ou colocar o rosto próximo ao focinho do animal e tentar sentir o bafo quente da expiração.
Caso o animal não esteja ventilado, ele se encontra em um quadro de apnéia, devendo ser dado inicio as manobras de ventilação artificial, como a respiração boca a boca”, relata o especialista.
Para José Pedro, o Circulation(C) é a metodologia mais complicada para quem é leigo no assunto. “ Para medir a pulsação, deve-se procurar um tipo de pulso (o femoral seria o mais fácil de localizar, fica na parte interna da coxa do animal), ou colocando a mão no lado esquerdo do tórax, próximo ao cotovelo do animal (entre o 3 e 5 espaço intercostal) e tentar sentir o coração batendo. Caso não sinta nada, deve ser dada início as manobras de reanimação cárdio-pulmonar (RCP)”, recomenda.
O veterinário enfatiza que um animal que se encontra em um quadro de parada cardíaca, mesmo com um profissional bem treinado, tem pouquíssimas chances de sucesso.
“E sempre que for mexer no bichinho, lembrar de colocar focinheira ou mordaça, pois devido às dores, por mais que seja bonzinho, ele pode tentar morder o socorrista. Lembrando que o quanto antes encaminhar o animalzinho doente a uma clinica veterinária é melhor, pois o quadro pode agravar e acabar precisando de intervenções médicas mais invasivas”, finaliza.