Editoria: Vininha F. Carvalho 04/05/2012
A AEV é uma iniciativa de responsabilidade social que funciona de segunda a sexta-feira na Fazenda Vassoural, em Pontal/ SP (cidade vizinha de Ribeirão Preto), oferecendo atendimento gratuito à pessoas com necessidades especiais de idades variadas.
A paixão pelos cavalos Mangalarga incentivou a criadora Beatriz Biagi Becker a investir em uma ação de responsabilidade social que, quando surgiu em 2004, tinha como propósito integrar pessoas com necessidades especiais à sociedade por meio da Equoterapia, em um ambiente diferente do convencional, em contato com a natureza.
Porém, com o passar dos anos, o projeto ganhou uma proporção maior ao receber crianças de 0 a 14 anos com necessidades especiais, provenientes de Ribeirão Preto e cidades vizinhas como Pontal, Sertãozinho e Pitangueiras e, então, formou-se em 2010, a Associação de Equoterapia Vassoural, uma Organização Não Governamental que atende atualmente, de segunda a quinta-feira das 08h às 16h, cerca de 50 pessoas carentes.
Beatriz relata que nestes oito anos de Projeto, foram assistidas crianças com o total de 43 patologias diferentes, como autismo, síndrome de down, hiperatividade, macrocefalia, microcefalia, encefalopatia epiléptica e, a maior parte dos casos, encefalopatia crônica não progressiva na infância e que, por meio das atividades propostas pela AEV, conquistam evoluções altamente positivas em seu quadro clínico.
"Nosso objetivo é tratar destas crianças e proporcionar a todas elas, bem como seus familiares, uma melhor qualidade de vida por meio da Equoterapia", ressalta Beatriz Biagi. Ela complementa que seis profissionais acompanham o desenvolvimento de cada praticante" durante sua participação no projeto.
"Contamos com uma equipe bastante completa formada por uma terapeuta ocupacional, uma educadora física, fisioterapeuta, psicóloga e duas equitadoras, que realizam avaliações individuais e acompanham o progresso conquistado por cada praticante" .
Benefícios:
De acordo com as equitadoras Angela M. Sorati e Cintia M. Azevedo, "A Equoterapia emprega o cavalo de forma terapêutica e educacional, na qual o individuo, por meio da interação com o animal, desenvolve ganhos físicos, psicológicos e educacionais", elas explicam.
São as equitadoras que, dentro da Equoterapia, atuam na escolha do cavalo adequado (dócil) e na preparação do animal, como o treiná-los para a montaria em rampa, em banco, montaria pelos dois lados, aceitar a movimentação do cavaleiro, os exercícios, a mudança de posição do praticante sobre o cavalo, a presença dos terapeutas, acostumá-los com equipamentos, materiais ou brinquedos utilizados pela equipe durante a sessão, trabalhar as três andaduras do cavalo: passo, trote e galope e, principalmente, escolher em conjunto com a equipe o animal e o material a ser usado, levando em conta as características do praticante e as do cavalo.
A fisioterapeuta Elaine Cristina Soares Leite complementa que, muitas vezes, o praticante inicia a terapia um pouco tenso mas, logo nos primeiros atendimentos, percebe-se melhoria. "A partir da primeira sessão conseguimos observar a melhora da postura, do equilíbrio corporal, um maior relaxamento e adequação do tônus muscular", ela ressalta.
Para complementar, a psicóloga Tatiana Bevevino reforça que o contato com este animal dócil, pode proporcionar ao praticante experimentar sentimentos de liberdade, independência e coragem.
"O vínculo praticante/cavalo estabelecido desde as primeiras sessões, desenvolve a afetividade , obtendo-se um ganho de auto confiança e auto estima, permitindo acelerar o processo de desenvolvimento de suas potencialidades, responsável pela integração social e pessoal do praticante de Equoterapia"
A educadora física Carolina Alves da Silva explica que, por meio do trabalho com a equoterapia, é possível observar grande melhora da noção corporal e espacial, lateralidade, aumento da flexibilidade e força muscular.
"De acordo com as limitações de cada praticante, pode ser inserido o Programa Pré-Esportivo, proporcionando autonomia e independência", ela ressalta.
Para finalizar, a terapeuta ocupacional Bárbara Desiderio explica que "através dos estímulos obtidos nos atendimentos, o praticante recebe estimulação tátil, vestibular, proprioceptiva, visual, auditiva e de Atividades de Vida Diária, entre outras, contribuindo para uma melhora da qualidade de vida e independência em suas atividades", arremata a profissional.